Os pesquisadores se concentraram nas espécies Pau-cravo, Acapu e Jutaí na região da Volta Grande do Rio Xingu
A 1ª Expedição da Flora Ameaçada de Extinção, prevista no Plano de Ação de Conservação de Espécies Ameaçadas do Território Xingu – PAT/Xingu, foi realizada de 17 a 28 de outubro nos municípios de Altamira, Vitória do Xingu, Senador José Porfírio e Brasil Novo. A ação foi promovida pelo Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Pará (Ideflor-Bio), por meio da Diretoria de Gestão e Monitoramento de Unidades de Conservação, em parceria com o Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG).
Os principais objetivos foram
ratificar os pontos de ocorrência das espécies da flora previamente
identificados por modelagens e explorar novos locais de ocorrência, aumentando
a área de ocupação dessas espécies.
O Pará, por meio do Ideflor-Bio, é
um dos estados selecionados para executar em seu território o Plano de Ação
para a Conservação Territorial do Território Xingu e do Território Meio Norte –
este em parceria com o Maranhão e Tocantins.
Durante a expedição foram pesquisadas as seguintes espécies: Pau-cravo (Dicypellium caryophyllaceum); Acapu (Vouacapoua americana Aubl) e Jutaí (Hymenaea parvifolia Huber). |
Integração - A presidente do Ideflor-Bio, Karla Bengtson, ressalta que no Pará o Instituto é responsável por implementar e organizar a efetivação das ações sobre a conservação da biodiversidade, de acordo com a Lei Estadual nº 8.096/2015 e a Lei Estadual nº 8.633/2018.
"A parceria dos estados na rede colaboração para conservação de espécies ameaçadas de extinção em territórios de sua esfera de atuação ou na fronteira territorial é fundamental para o fortalecimento das ações integradas", frisa a gestora.
De acordo com a coordenadora Técnica
do PAT/Xingu/Ideflor-Bio, Nívia Pereira, os resultados da expedição serão
essenciais para a confirmação da ocorrência das espécies no território e
elaboração das listas de espécies ameaçadas de extinção, regional e nacional.
Dário Dantas, pesquisador do Museu
Goeldi, disse que os três alvos da investigação foram registrados em diferentes
locais na região da Volta Grande do Rio Xingu, tanto na margem esquerda quanto
na direita. Dessas espécies, o Acapu e o Jutaí têm expressiva ocorrência na
região, enquanto o Pau-Cravo ocorre de forma isolada na margem esquerda.
Protocolo - “Na expedição foi realizado
um protocolo de registro, que incluiu medidas de circunferência das árvores (a
1,30 m do solo) e altura total, o que possibilitará análises da estrutura
horizontal e biomassa. As árvores foram identificadas com plaquetas numeradas e
mapeadas em suas coordenadas geográficas. Nas próximas expedições serão
montadas parcelas permanentes no entorno das populações registradas, de modo
que se conheçam os atributos de composição florística e a estrutura de
vegetação da floresta que abriga tais espécies ameaçadas. A expectativa é que
novas expedições viabilizem, ainda, descobertas de outros locais de ocorrência
destas espécies, o que amplia os esforços de conservação a que se propõe o
estudo”, explica o pesquisador do MPEG.
Segundo a pesquisadora Ely Simone Gurgel, também do Museu Goeldi, encontrar Pau-cravo em seu ambiente natural em Altamira, que não havia sido inventariado na época do projeto de salvamento de espécies prioritárias atingidas pela Usina Hidrelétrica de Belo Monte, é uma esperança para o resgate da diversidade genética da espécie. Apenas mais duas ocorrências naturais haviam sido identificadas também por pesquisadores do Museu Paraense Emílio Goeldi.
“Temos o desafio de reproduzir indivíduos de todas as populações conhecidas, promover a diversidade genética e assegurar minimamente a preservação da espécie”, enfatiza a pesquisadora.
Parcerias - A presidente do Instituto Bicho D’Água, Renata Emin, que assessora a coordenação do PAT Xingu, reconhece o valor da expedição para o sucesso dos estudos botânicos realizados pela equipe do MPEG, e também pelas valiosas novas parcerias articuladas durante a expedição.
“Foram muito inspiradoras as reuniões e os contatos com parceiros do Ideflor-Bio, Universidade Federal do Pará (UFPA), UNYLEYA (voltada à educação digital), Fundação Nacional do Índio (Funai), Norte Energia, Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas) e Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Vitória do Xingu, além de proprietários rurais que nos receberam muito bem e permitiram os levantamentos em suas propriedades. Acredito que, junto com esses novos parceiros, vamos alcançar com muito sucesso as metas de conservação para as espécies ameaçadas do Território do Xingu”, informa Renata Emin.
Na avaliação de Socorro Almeida,
diretora da DGM/Ideflor-Bio, a expedição foi um sucesso porque conseguiu
cumprir os objetivos e atualizar o mapa de ocorrências. “Com o auxílio do mapa
não mediremos esforços para a preservação e conservação dessas espécies
ameaçadas de extinção de maneira mais pontual”, garante.
O Projeto “GEF Pró-espécies:
Estratégia Nacional para a Conservação de Espécies Ameaçadas” é coordenado pelo
Ministério do Meio Ambiente (MMA) e financiado pelo Global Environment Facility
(GEF). A agência implementadora do projeto é o Fundo Brasileiro para a
Biodiversidade (Funbio), enquanto a WWF-Brasil é a agência executora do
Pró-Espécies.
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